Ser líder é estar à frente, certo? Sim. Mas também nem sempre. Tão importante quanto saber estar à frente, é crucial para a liderança saber quando sair desta posição. E esta afirmação cabe sob duas óticas.
Primeiramente, imagine que em uma mesma atividade estão reunidos diversos líderes. Todos devem trabalhar em conjunto, e igualmente desejam exercer a liderança. Nenhum quer abrir mão, ao menos em parte, de ser o líder principal. Não consigo conceber outra designação para esta cena que não a icônica frase “muito cacique para pouco índio”. Querer estar sempre “dando as cartas” e não saber assumir outra posição demonstra certo grau de inflexibilidade cognitiva, e um mindset fixo pode ser fatal nos mais variados aspectos. Um bom líder é aquele que sabe quando ser líder, mas também quando é o momento de ser liderado.
Em um segundo contexto, saber quando não liderar envolve o desenvolvimento (ou não) da equipe. Líderes devem criar oportunidades de crescimento para seus liderados, estimulando a criatividade, a inovação e o senso de propriedade e de responsabilidade. Por isso, bons líderes entendem que nem sempre podem estar à frente de todas as tarefas ou decisões. Até porque, estando sempre à frente de tudo, acabam por tolher qualquer possibilidade de a equipe tornar-se eficaz, que não a partir da presença do próprio líder. Em outras palavras, o líder torna-se indispensável.
Isso pode ir na contramão do que geralmente ouvimos, mas tornar-se indispensável é um dos maiores (se não o maior) crime capital da liderança. O líder deve ter como objetivo criar uma organização autossustentável, e isso enseja tornar-se dispensável. Quando o sucesso da equipe está atrelado diretamente à presença do líder, sinto dizer, mas este líder falhou. E falhou imensamente. Seu papel não é apenas gerenciar tarefas, mas também nutrir o potencial dos membros de sua equipe. Ao investir em seu desenvolvimento, não apenas garante o desempenho atual da equipe, mas também os prepara para desafios futuros. Essa abordagem permite que o líder se concentre na tomada de decisões estratégicas e no planejamento futuro, ao mesmo tempo em que capacita outras pessoas a assumirem responsabilidades de nível superior. Por isso, quando perguntado sobre como avaliar a eficácia de um líder, responso com três perguntas. Como é o seu comportamento sendo liderado? Como sua equipe funciona quando ele não está presente? Quantos lideres ou potenciais líderes ele formou? Em outras palavras, se quer avaliar sua capacidade de liderança, observe-o não sendo o líder.