Líder é líder, e gestor é gestor. Mas até que ponto?

Ao iniciar nos estudos sobre liderança, é comum nos depararmos de cara com duas desambiguações: a diferença entre Líder e Chefe, e entre Lider e Gestor. A primeira vez que ouvi estas diferenciações concordei sem pestanejar, porém, passado algum tempo, o segundo binômio começou a me assombrar (num bom sentido). Ao longo do dia era como se uma voz surgisse na minha cabeça dizendo “ok, mas e…”, em um contínuo questionamento sobre esse posicionamento de que líder é líder, e gestor é gestor.

Liderança e Gestão são, sem sombra de dúvidas, dois pilares fundamentais para o sucesso de qualquer organização. E concordo com as definições distintivas que afirmam que liderança se refere à habilidade de influenciar e inspirar pessoas para alcançar objetivos comuns, a que gestão envolve a coordenação e organização eficiente dos recursos disponíveis. O problema surge quando eles são apresentados sob a lógica “isso ou aquilo”. Em outras palavras, estes ensinamentos por vezes apontam no sentido de que para ser líder você não pode se utilizar de práticas de gestão, e se você for gestor em alguns momentos, é atestado incontestável de que você não é líder.

Embora possam parecer distintos, a integração harmoniosa de práticas de gestão irá aprimorar significativamente o exercício da liderança, potencializando sua atuação e maximizando os resultados alcançados. De fato, não vejo possível uma liderança organizacional eficaz que não esteja pautada em práticas de gestão eficientes e bem estabelecidas. Sem isso, os resultados são fruto muito mais da sorte e da intuição do que do juízo e da sapiência.

O líder deve influenciar e inspirar pessoas para alcançar objetivos comuns. Mas quais objetivos e qual direção seguir? Sem um Planejamento Estratégico e Tático, qualquer caminho é um caminho, inclusive nenhum caminho. Um bom líder estimula as pessoas em torno de valores e princípios comuns e engrandecedores. Mas quais valores? Sem a definição clara de uma Filosofia Estratégica, qualquer valor é valor, inclusive nenhum valor. As lideranças são responsáveis por incentivar o autodesenvolvimento e o alcance de seu máximo desempenho. Mas o que é esperado da pessoa desempenhando aquela atividade e como medir isso? Sem uma Descrição de Cargos e Funções bem clara e sem uma prática sistemática de Avaliação de Desempenho, qualquer desempenho é desempenho, ou mesmo falta de desempenho, e toda avaliação deste suposto desempenho se torna subjetiva, inclusive ocorrendo sequer alguma avaliação. Liderança sem Gestão se aproxima da bagunça. Gestão sem Liderança beira a tirania. Ambos são complementares, e não podem ser vistos como excludentes. Que atingir melhores resultados? Seja líder, mas também seja gestor.

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