Antes de mais nada, seja quem você é (parte 2 – final)

Se a Autenticidade é atributo do que é legítimo e genuíno, e isso inspira confiança e credibilidade, por que é tão difícil ser autêntico? E mais: se liderar de forma autêntica é indutor de engajamento e produtividade, e ainda faz aumentar o sentido de propósito e o significado atribuído ao trabalho, por que é raro encontrarmos lideranças realmente autênticas?

Especialmente no início da carreira, muitos líderes enfrentam a pressão de se encaixarem em estereótipos de liderança impostos pela sociedade ou pela cultura corporativa. E isso é natural uma vez que, ao menos no início, estamos todos buscando “um lugar ao sol”. Porém esse “encaixe” por vezes acaba perdurando mais tempo do que deveria, e meio que se confunde com a própria personalidade do líder. A ideia de que líderes devem ser infalíveis e imperturbáveis é frequentemente promulgada no ambiente corporativo, e neste contexto ser autêntico e verdadeiro pode envolver tomar decisões difíceis e enfrentar conflitos, já que haverá certa ruptura com essa cultura organizacional.

Ser autêntico se torna ainda mais desafiador pois, apesar de óbvio, o líder nunca está sozinho. Além de ele mesmo, com seus valores e crenças, suas necessidades e expectativas, existem também os outros. Esses outros englobam seus liderados, as lideranças superiores, a sociedade, os clientes, e todas as demais partes interessadas envolvidas no dia-a-dia da organização. Em outras palavras, a autenticidade aplicada à liderança não significa que o líder deve ser sempre ele mesmo sem considerar o impacto de suas ações nos demais. É necessário balancear autenticidade com empatia e consideração. A capacidade de compreender e reagir de forma adequada às perspectivas dos outros grupos é o que distingue uma liderança realmente autêntica de uma que é meramente egocêntrica. É encontrar um equilíbrio entre a própria autenticidade e a responsabilidade de liderar com sensibilidade e responsabilidade.

Por fim, autenticidade não pode ser sinônimo de inflexibilidade. Para desenvolver sua liderança é necessário, sem sombra de dúvidas, a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades. E isso pode parecer paradoxal, pois o estudo leva à reflexão e indubitavelmente à mudança. E se mudou, continua sendo autêntico? A autenticidade não é um destino final, mas sim uma jornada de autoconhecimento e autodesenvolvimento. Quando um líder se permite ser autêntico, cria um ambiente no qual outros também são incentivados a abraçar suas próprias identidades, e através desse ciclo de autenticidade as equipes florescem, as organizações prosperam e a liderança assume um novo nível de significado e impacto. No fim de tudo, a sua real capacidade de liderança está em ser quem você é.

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